Pesquisa internacional indica que varíola do macaco pode agravar infecção por HIV
Pesquisadores de 19 países se uniram para investigar a necessidade de inclusão das formas graves da varíola dos macacos (monkeypox) como uma nova condição definidora de Aids nas classificações das doenças do HIV no Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos e na Organização Mundial de Saúde (OMS). O estudo contou com a participação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), que faz parte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de investigadores dos Estados Unidos, Espanha, México, Reino Unido e Brasil. O trabalho internacional foi apresentado na 30a Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections e publicado na revista científica The Lancet.
O grupo reuniu dados de casos confirmados de monkeypox entre 11 de maio de 2022 e 18 de janeiro de 2023 e cruzou informações com casos em pessoas com infecção avançada por HIV. O estudo Mpox in people with advanced HIV infection: a global case series analisou 382 casos, sendo 349, o equivalente a 91%, em indivíduos que viviam com a doença. A pesquisa constatou que 107 pacientes (28%) foram hospitalizados e 27 morreram (25%). Os óbitos ocorreram em pessoas que apresentavam imunodepressão avançada pelo vírus. O trabalho destacou a descrição de uma forma grave de monkeypox, caracterizada por lesões cutâneas e mucosas necrotizantes, com alta prevalência de manifestações dermatológicas e sistêmicas fulminantes e morte, em pacientes no estágio avançado, caracterizada por contagens de linfócitos TCD4+ abaixo de 200 células/mm3.
Também foi identificada uma evolução fatal de pacientes com suspeita de deterioração clínica em decorrência da síndrome de reconstituição imune (Iris), uma condição inflamatória que pode ocorrer após o início da terapia antirretroviral. Do total de 85 pacientes que iniciaram ou reiniciaram o uso de antirretrovirais, 25% tiveram suspeita de que a deterioração clínica pode ter ocorrido em decorrência da Iris, sendo que 57% desses vieram a óbito, o que trouxe grande preocupação para os pesquisadores.
Em termos de prevenção, a pesquisa indicou que as pessoas com HIV e alto risco de infecção por monkeypox devem ser priorizadas para uma vacina preventiva. O trabalho ressaltou que dois terços das mortes registradas ocorreram na América Latina. Segundo os pesquisadores, os achados são particularmente pertinentes para países com baixos níveis de diagnóstico de HIV ou sem acesso gratuito universal a uma terapia antirretroviral ou a unidades de terapia intensiva, onde a interação da infecção descontrolada pelos vírus é mais prevalente. Ressaltaram também que, nesses países, deve ser efetuado um esforço conjunto para fornecer acesso urgente a antivirais e vacinas contra monkeypox.
Referências:
https://bit.ly/44uFQmo | Estudo: http://bit.ly/3K2Py7D
GileadPro: BR-BVY-0023